"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva." João 7:38.
Ainda me lembro da época em que me converti. Tantas coisas eram diferentes. Queria comer a Bíblia, devorá-la. Queria ler toda a Bíblia, conhecer tudo. Tinha interesse em qualquer congresso ou palestra sobre Deus ou qualquer assunto relacionado. Comecei a ter interesse por livros e tentava me aprofundar e conhecer cada vez mais. Minha oração também era diferente. Um tanto mais infantil, um tanto mais sincera. Não tinha medo de pedir as "nações por herança".
Esperava me tornar um novo herói da fé, quem sabe o George Müller da minha geração. Minha fé não tinha medo. Poderia saltar no escuro, pois tinha certeza que a mão de Deus me acolheria. O Salmo 122:1 era muito real naqueles dias. Que prazer era estar num culto, num ensaio ou em qualquer atividade na igreja! De domingo a domingo queria estar lá. Época de tremenda comunhão e convívio com os irmãos. Porém os anos passaram. Quase 15 anos já se foram desde aqueles primeiros dias. Confesso que muita coisa mudou de lá pra cá e não sei se gosto da imagem que vejo.
O conhecimento da Bíblia deixou de ser um prazer para ser uma obrigação. Pregação na quinta, pregação no domingo, aula na escola dominical. Tenho que estudar, preciso preparar mensagens, tenho que atender a expectativa de um povo que muitas vezes não se alimenta nos outros dias, e vive apenas da comida que eu e outros servimos durante os cultos. Minhas orações já não são tão infantis, aliás já não sou mais um adolescente envolvido pelas emoções. Foram tantas orações não respondidas, tantos NÃOS de Deus que minha fé já não é a mesma.
Perdi algumas pessoas queridas porque Deus não interveio. Tive sonhos despedaçados porque Deus ficou em silêncio. Deixei de fazer muitas coisas, porque Deus não me deu nenhuma orientação após ouvir meu clamor e ver minhas lágrimas. Hoje minha fé é mais "madura", não importuno Deus por qualquer coisa. São tantas pressões na vida que ir nos cultos, muitas vezes, é um compromisso a mais, uma obrigação a mais na lista de tarefas do dia.
Com vergonha confesso que às vezes tudo isso tem sido um fardo muito pesado pra mim. Sinto-me num deserto, minha alma está ressequida. Creio nas palavras de Jesus, mas a verdade é que não sinto que esta seja uma "vida abundante". Fazendo um resumo muito grande, sinto minha vida como a de Elias: Após experimentar várias coisas de Deus e viver uma vida de vigor, estou exausto, caído num deserto. Às vezes me acho um cínico. Quero desistir, mas não tenho coragem para isso.
Por vezes, fico como Asafe: "Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos" . Quão mais fácil seria apenas sentar nas fileiras, como milhares de cristãos, e ver a vida passar sem tomar nenhuma atitude, sem me envolver, sem me desgastar, sem me esgotar mental e espiritualmente!
Mas confio nas promessas bíblicas. É verdade que nem sempre concordo com o tempo de Deus. Sei que ainda ouvirei muitos NÃOS por parte do Senhor, porém, não posso deixar de confiar nas promessas dEle. Estou esperando no Senhor. Jogado num deserto, caído pelo cansaço da vida, mas esperando no Senhor. Um dia (se hoje ou amanhã não sei), Ele ouvirá o meu grito (Sl 40:1). Renovará minhas forças (Is. 40:31). Me fará descansar e trará refrigério à minha alma (Sl 23:2-3).
Com sinceridade, não gosto muito das palavras de Deus para Paulo: "A minha graça te basta". Mas quando penso na graça, quando penso nos pregos, quando penso nos espinhos, quando penso nas chicotadas e por fim, quando penso na cruz, tenho que concordar que Ele já me deu muito. Muito mais do que preciso ou mereço. Ele nunca me prometeu livramento de todas as dificuldades, aflições e frustrações da vida, mas prometeu estar comigo todos os dias, e é o que tem feito. Creio que outros períodos de abundância e seca virão, mas o que mais quero se Jesus morreu pra me salvar?
Que Sua graça me baste."Senhor, Tu me sondas e me conheces" - Salmo 139:1.
Extraído - Alex Amorim
Viviane Albernaz
Equipe Teia de Oração